A procura da felicidade
Marilene Lemos
Um rico mercador possuía um único filho. A esposa falecera quando o trouxe ao mundo.
O mercador procurava compensar a falta do carinho materno e acalentava um grande desejo: queria que o filho encontrasse a felicidade. Era um anseio tão grande, dera-lhe até o nome de Felício. E tantas vezes repetiu o desejo na frente da criança que Felício cresceu pensando dever ao pai aquela obrigação: encontrar a felicidade.
O pai morreu deixando o moço, ainda adolescente, dono de imensa fortuna.
Nas vizinhanças, vivia um homem muito sábio, a quem o pai de Felício procurava para pedir conselhos. Antes de morrer sugeriu ao filho consultá-lo em suas dificuldades.
O moço procurou o velho sábio e falou-lhe do desejo do pai. O sábio explicou-lhe:
- A felicidade é um bem que não se encontra facilmente. Ninguém consegue defini-la. O que é felicidade para uns não o é para outros. Apenas seu coração poderá reconhecê-la quando a encontrar. Mas para reconhecê-la, antes você precisa encontrar a sabedoria. Só com sabedoria reconhecerá a felicidade.
O rapaz saiu dali bastante confuso. Afinal, o que era a felicidade? E o que seria a sabedoria? Correria o mundo todo a procura de uma e de outra.
Certa vez, numa hospedaria, pediu que lhe servissem uma boa refeição. O dono olhou seus trajes e deduziu tratar-se de pessoa rica. Colocou na mesa os mais finos assados, os melhores queijos e os vinhos mais raros. Na mesa ao lado, um jovem como ele, vestido modestamente, comendo um pedaço de pão seco, olhou-o com admiração. O rapaz convidou-o a partilhar a bela refeição. O jovem, depois de saciado, falou-lhe:
- Ah! Se eu pudesse comer assim todos os dias! Isso seria a felicidade!
O moço ouviu aquilo e pensou. Eu me alimento sempre assim e nem por isso encontrei a felicidade. Então, ser rico não significa tê-la encontrado.
Ao chegar em uma cidade enorme, encantou-se com os vários palácios. Um deles chamou-lhe a atenção.
Disseram-lhe:
- Naquele palácio vive um homem conhecedor de todas as ciências deste mundo.
O moço se animou: quem sabe estaria ali a sabedoria procurada? Entrou e viu, em todos os cômodos, muitos livros. O dono da palácio perguntou-lhe se desejava conhecer o conteúdo daqueles livros. Diante da resposta afirmativa, ordenou-lhe:
-Deite naquele sofá e esqueça o mundo lá fora.
Felício sentiu um torpor e muito sono. Não soube precisar quanto tempo dormira, mas sentiu uma sensação diferente. Tudo que desconhecia era-lhe, agora, familiar. Sabia muita coisa sobre o mundo, os animais, as plantas, as pessoas...
Teria encontrado a sabedoria? Procurou o velho sábio.
-Não, disse-lhe ele, você obteve apenas informações.
Elas são importantes, mas não bastam.
Continuou na caminhada. Logo depois embrenhou-se numa floresta. Achando-se perdido e vendo um ancião colhendo ervas, entabulou conversa.
O ancião morava numa caverna próxima e contou-lhe que ajudava as pessoas de uma aldeia próxima. Estava velho e cansado, nem sempre possuía competência para resolver todos os problemas. Na caverna o velho preparava chás, remédios, pomadas e ainda recebia todos que o procuravam com alguma necessidade.
Felício permaneceu ali. Seus conhecimentos ajudaram, e muito, àquela gente.
Nem se deu conta do tempo passando. Como sentiu muita paz e uma grande realização por aquele trabalho, pensou, será isso a felicidade? Foi perguntar ao sábio.
- Não, disse ele, você apenas exerceu uma atividade gratificante e adquiriu prática, experiência, vivência...
Decidiu viajar mais. Numa outra cidade, soube que o homem mais rico do lugar daria uma festa pelo aniversário da única filha. Nesta oportunidade ela escolheria um noivo. Elogiavam a jovem - beleza, bondade, caráter, inteligência - o noivo seria a pessoa mais feliz do mundo.
O rapaz ficou curioso. Iria à festa!
Foi invadido por um sentimento nunca antes experimentado. A moça quis saber quem era o forasteiro. No final da noite todos notaram que a escolha havia sido feita.
O casamento realizou-se em pouco tempo . Haviam sido feitos um para o outro. Vieram os filhos. Muitas alegrias marcaram a vida dos dois. Nem sempre encontraram rosas no caminho. Espinheiros apareceram e precisaram ser afastados. Partilharam projetos, ajudaram-se nas preocupações, consolaram-se nos sofrimentos - tornaram-se companheiros de verdade.
O tempo passou, os filhos cresciam. A vida familiar absorveu os pensamentos de Felício, fazendo-o se esquecer de procurar a sabedoria e a felicidade.
Um dia, foi visitar o amigo sábio. Contou-lhe como passara os últimos anos e lhe perguntou:
- Acha que encontrei a sabedoria e a felicidade?
- Não, você conheceu o amor, o amor por uma mulher.
Esse tipo de amor nem sempre significa a felicidade. Conheceu o sentimento paterno que costuma trazer muita preocupação e angústia.
Felício voltou para casa pensativo. Retornou à casa do sábio:
- Olhe, não sou mais um jovem, ou melhor, estou mais perto da velhice do que da juventude. Passei todos estes anos procurando a sabedoria e a felicidade. Sempre ao lhe perguntar se as havia encontrado, o senhor me respondia negativamente. Digo-lhe que esteve enganado e enganou-me também. A felicidade que eu tanto procurei sempre esteve ao meu lado: em cada fase de minha vida, em cada passo que dei, até nos erros que cometi. Eles me deram lições. Procurei o que sempre esteve junto de mim. Eu fui um menino feliz, tive o amor de meu pai. Fui feliz por não ter passado privações. Fui feliz quando adquiri conhecimentos. Fui feliz ao fazer meu trabalho, Fui feliz no casamento. Fui feliz na convivência com os meus filhos. Fui feliz até nas dificuldades, nas lágrimas derramadas, nos sofrimentos enfrentados. O senhor sempre esteve errado! Concluiu raivosamente:
O sábio ouviu, atentamente, o desabafo de Felício. Sorriu e respondeu:
- Você acaba de encontrar a sabedoria! Só ela o faria chegar a esta conclusão. Eu lhe disse: é preciso sabedoria para reconhecer a felicidade.
E você?!
Já reconheceu a felicidade???
vamos lá! Comente!
O mercador procurava compensar a falta do carinho materno e acalentava um grande desejo: queria que o filho encontrasse a felicidade. Era um anseio tão grande, dera-lhe até o nome de Felício. E tantas vezes repetiu o desejo na frente da criança que Felício cresceu pensando dever ao pai aquela obrigação: encontrar a felicidade.
O pai morreu deixando o moço, ainda adolescente, dono de imensa fortuna.
Nas vizinhanças, vivia um homem muito sábio, a quem o pai de Felício procurava para pedir conselhos. Antes de morrer sugeriu ao filho consultá-lo em suas dificuldades.
O moço procurou o velho sábio e falou-lhe do desejo do pai. O sábio explicou-lhe:
- A felicidade é um bem que não se encontra facilmente. Ninguém consegue defini-la. O que é felicidade para uns não o é para outros. Apenas seu coração poderá reconhecê-la quando a encontrar. Mas para reconhecê-la, antes você precisa encontrar a sabedoria. Só com sabedoria reconhecerá a felicidade.
O rapaz saiu dali bastante confuso. Afinal, o que era a felicidade? E o que seria a sabedoria? Correria o mundo todo a procura de uma e de outra.
Certa vez, numa hospedaria, pediu que lhe servissem uma boa refeição. O dono olhou seus trajes e deduziu tratar-se de pessoa rica. Colocou na mesa os mais finos assados, os melhores queijos e os vinhos mais raros. Na mesa ao lado, um jovem como ele, vestido modestamente, comendo um pedaço de pão seco, olhou-o com admiração. O rapaz convidou-o a partilhar a bela refeição. O jovem, depois de saciado, falou-lhe:
- Ah! Se eu pudesse comer assim todos os dias! Isso seria a felicidade!
O moço ouviu aquilo e pensou. Eu me alimento sempre assim e nem por isso encontrei a felicidade. Então, ser rico não significa tê-la encontrado.
Ao chegar em uma cidade enorme, encantou-se com os vários palácios. Um deles chamou-lhe a atenção.
Disseram-lhe:
- Naquele palácio vive um homem conhecedor de todas as ciências deste mundo.
O moço se animou: quem sabe estaria ali a sabedoria procurada? Entrou e viu, em todos os cômodos, muitos livros. O dono da palácio perguntou-lhe se desejava conhecer o conteúdo daqueles livros. Diante da resposta afirmativa, ordenou-lhe:
-Deite naquele sofá e esqueça o mundo lá fora.
Felício sentiu um torpor e muito sono. Não soube precisar quanto tempo dormira, mas sentiu uma sensação diferente. Tudo que desconhecia era-lhe, agora, familiar. Sabia muita coisa sobre o mundo, os animais, as plantas, as pessoas...
Teria encontrado a sabedoria? Procurou o velho sábio.
-Não, disse-lhe ele, você obteve apenas informações.
Elas são importantes, mas não bastam.
Continuou na caminhada. Logo depois embrenhou-se numa floresta. Achando-se perdido e vendo um ancião colhendo ervas, entabulou conversa.
O ancião morava numa caverna próxima e contou-lhe que ajudava as pessoas de uma aldeia próxima. Estava velho e cansado, nem sempre possuía competência para resolver todos os problemas. Na caverna o velho preparava chás, remédios, pomadas e ainda recebia todos que o procuravam com alguma necessidade.
Felício permaneceu ali. Seus conhecimentos ajudaram, e muito, àquela gente.
Nem se deu conta do tempo passando. Como sentiu muita paz e uma grande realização por aquele trabalho, pensou, será isso a felicidade? Foi perguntar ao sábio.
- Não, disse ele, você apenas exerceu uma atividade gratificante e adquiriu prática, experiência, vivência...
Decidiu viajar mais. Numa outra cidade, soube que o homem mais rico do lugar daria uma festa pelo aniversário da única filha. Nesta oportunidade ela escolheria um noivo. Elogiavam a jovem - beleza, bondade, caráter, inteligência - o noivo seria a pessoa mais feliz do mundo.
O rapaz ficou curioso. Iria à festa!
Foi invadido por um sentimento nunca antes experimentado. A moça quis saber quem era o forasteiro. No final da noite todos notaram que a escolha havia sido feita.
O casamento realizou-se em pouco tempo . Haviam sido feitos um para o outro. Vieram os filhos. Muitas alegrias marcaram a vida dos dois. Nem sempre encontraram rosas no caminho. Espinheiros apareceram e precisaram ser afastados. Partilharam projetos, ajudaram-se nas preocupações, consolaram-se nos sofrimentos - tornaram-se companheiros de verdade.
O tempo passou, os filhos cresciam. A vida familiar absorveu os pensamentos de Felício, fazendo-o se esquecer de procurar a sabedoria e a felicidade.
Um dia, foi visitar o amigo sábio. Contou-lhe como passara os últimos anos e lhe perguntou:
- Acha que encontrei a sabedoria e a felicidade?
- Não, você conheceu o amor, o amor por uma mulher.
Esse tipo de amor nem sempre significa a felicidade. Conheceu o sentimento paterno que costuma trazer muita preocupação e angústia.
Felício voltou para casa pensativo. Retornou à casa do sábio:
- Olhe, não sou mais um jovem, ou melhor, estou mais perto da velhice do que da juventude. Passei todos estes anos procurando a sabedoria e a felicidade. Sempre ao lhe perguntar se as havia encontrado, o senhor me respondia negativamente. Digo-lhe que esteve enganado e enganou-me também. A felicidade que eu tanto procurei sempre esteve ao meu lado: em cada fase de minha vida, em cada passo que dei, até nos erros que cometi. Eles me deram lições. Procurei o que sempre esteve junto de mim. Eu fui um menino feliz, tive o amor de meu pai. Fui feliz por não ter passado privações. Fui feliz quando adquiri conhecimentos. Fui feliz ao fazer meu trabalho, Fui feliz no casamento. Fui feliz na convivência com os meus filhos. Fui feliz até nas dificuldades, nas lágrimas derramadas, nos sofrimentos enfrentados. O senhor sempre esteve errado! Concluiu raivosamente:
O sábio ouviu, atentamente, o desabafo de Felício. Sorriu e respondeu:
- Você acaba de encontrar a sabedoria! Só ela o faria chegar a esta conclusão. Eu lhe disse: é preciso sabedoria para reconhecer a felicidade.
E você?!
Já reconheceu a felicidade???
vamos lá! Comente!
eu não concordo c textos q tentam aconselhar as pessoas a serem felizes, mas porque eu acho que eu não preciso
ResponderExcluirtem pessoas que precisam e tem várias que eu recomendarei esse texto, porém eu sou feliz e não preciso de mais nada xDDDDD
seu blog esta bom, continue assim
Obrigada pelo comentário...
ResponderExcluirEu também acho que não tem fórmula certa para a felicidade. E o legal desse conto é que ele diz exatamente isso...o que precisamos é reconhecer que até nos momentos mais simples e singelos, como ver o por do sol, uma conversa animada com amigos, um momento com a pessoa amada...tudo isso é felicidade!!
Chooorei =[
ResponderExcluirde emoooçãoo...
=]
lindo o texto, bom o blog...
beijO
O texto é muito grande, e fic cansativo em passar muito tempo na net, só lendo!
ResponderExcluirRSRSRS!
Li só 2 parágrafos.
Desculpe-me!
Nada...o texto realmente ´longo, mas qnd li não resisti em postá-lo...porque ele não nos dá uma receita de felicidade (até porque isso não existe!!) mas fala da importância de reconhecê-la em todo os momentos de nossas vidas...qnd tiver um tempinho, vale a pena dar uma lidinha...
ResponderExcluirObrigada pelos comentários!!!
Lindo o blog e o texto nos traz uma lição: A felicidade está nas coisas simples da vida ,se essas coisa forem vistas com os olhos do coração...
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