19 março 2008

Pesquisas apontam para crescimento do número de crianças com estresse

Especialistas chamam a atenção dos pais para as alterações de comportamento

Camila Vieira

Embora pouco conhecido pelos pais, o estresse infantil é um problema que já atinge proporções mundiais. Pesquisas do Instituto Americano de Stress, com sede em Nova York, mostram que oito em cada dez consultas pediátricas nos Estados Unidos estão relacionadas com o mal. No Brasil, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), concluíram que dois terços das crianças entre 6 e 14 anos que vivem nas grandes cidades apresentam sintomas do distúrbio.

O crescimento dos casos se deve, principalmente, a uma ou mais mudanças de hábitos de comportamento. De acordo com especialistas, antigamente a garotada ficava mais solta na rua e, por isso, descarregava a tensão em brincadeiras que envolviam exercícios físicos. “Era o jogo de esconde-esconde, a amarelinha, o pega-pega. Hoje, as crianças vão à escola, depois seguem para um curso ou uma atividade esportiva e quase não têm contato com os pais, que passam o dia inteiro trabalhando. Elas terminam tendo os mesmos estresses dos adultos”, diz o psicólogo da Clínica Holos, Pablo Sauce, que trabalha com vários pacientes vítimas do problema.

Sauce explica que inevitavelmente toda criança enfrentará momentos de estresse ainda no início da vida, tais como hospitalizações, acidentes, doenças, nascimentos de irmãos, reflexos dos problemas financeiros enfrentados pela família, mudança de casa ou de cidade. “O importante é que os pais se mantenham sempre atentos e saibam diagnosticar se seus filhos estão apresentando sintomas típicos desse distúrbio”, orientou o psicólogo.

Manifestações - As manifestações do estresse infantil variam desde mudanças de comportamento como agressividade excessiva, dificuldade de concentração, insônia, até doenças físicas como asma, bronquite, resfriado, freqüentes dores de cabeça e alergias. É que entre os efeitos mais conhecidos do distúrbio está a fragilidade no sistema imunológico. Em situações extremas, o distúrbio pode levar a crises de depressão ou até mesmo ao suicídio. De acordo com psicólogos, triplicou nos últimos cinco anos o número de pais que procuram ajuda terapêutica para seus filhos no Brasil por essa razão.

Além do acompanhamento dos pais, o especialista sugere que a criança experimente situações de estresse a fim de se “vacinar” emocionalmente contra um estresse maior. Ele frisa, no entanto, que a quantidade e o tipo de exposição devem ser proporcionais à habilidade de lidar com as situações, à maturidade, ao estágio do desenvolvimento e à resistência da criança. “Isso é sadio e a competição deve ser sempre incentivada, pois, por incrível que pareça, essa é uma maneira interessante de evitar o surgimento do distúrbio”, explicou Sauce.

Aos 12 anos, Flávia Lopes começou a sentir um cansaço excessivo, intermináveis dores de cabeça, chorava sem motivo aparente, enjoava com facilidade e sofria com insônia. A mãe da garota, a funcionária pública Maria Emília Lopes, 40 anos, resolveu levá-la ao pediatra e, em seguida, ao psicólogo. O diagnóstico de que menina estava com estresse deixou pasma toda a família. “Jamais imaginei que pudesse ser isso. Achava que apenas adultos sofriam desse mal”, confessou.

Fonte: Correio da Bahia

2 comentários:

  1. Pode parecer bobo eu comentando aqui, já que não tenho filhos e sei que vai demorar até eu ter vontade/responsabilidade pra ter um, mas como já fui criança também, é válido!
    Acho que stresse infantil é totalmente ligado ao lugar onde a criança cresce. Nas cidades a vida é mais corrida e não se tem tempo pra perder com 'brincadeiras'.
    Eu cresci num lugar que tinha tudo pra me fazer ficar estressado, mas, acho que por sorte, não fiquei.
    Gostei do seu blog, é bem util pra quem quer começar uma familia ou entender uma..
    Até o/

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  2. É de grande valia blogs como este... assuntos como esse... Ótima iniciativa!
    Penso que o crescimento mundial e a tal globalização afeta ainda mais as crianças de hoje, estão mais expostas, possuem metas escolares desde cedo e não é mais exclusividade dos adultos tal citação...

    Abraços,
    Henrique
    Vai Vendo...

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