Estudos mostram os motivos que levam jovens a cometer infrações, e reflete sobre as causas e os caminhos para a recuperação
Agência FAPESP - Por Alex Sander Alcântara
A escola pode contribuir de forma decisiva para a diminuição do número de reincidências dos jovens infratores, de acordo com uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O estudo, publicado na revista Cadernos de Pesquisa, da Fundação Carlos Chagas, indica que o fato de o adolescente não freqüentar a escola está associado ao número crescente de reincidências, ao uso de entorpecentes e, também, à utilização de armas.
A pesquisa - que traçou o perfil de adolescentes submetidos a medidas socioeducativas em uma cidade no interior paulista - mostrou também que os adolescentes com nível educacional mais alto viviam com ambos os pais, ao passo que aqueles com escolaridade mais baixa moravam com famílias monoparentais.
Mais da metade (60,2%) dos adolescentes em conflito com a lei não freqüentava a escola, e cerca de 43,2% deles alegaram ter saído por desinteresse, segundo Alex Eduardo Gallo, professor da Universidade Estadual de Maringá, um dos autores e coordenador do estudo. A outra autora, Lúcia Williams, é professora titular do Departamento de Psicologia e coordenadora do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência da UFSCar.
De acordo com Gallo, um dos principais entraves para o desenvolvimento de programas educacionais voltados para adolescentes em situação de risco é o fato de eles serem vistos quase sempre apenas como autores de delitos, mas os fatores que geram a conduta não são levados em conta.
"Quando se considera a segurança pública, a tendência é definir políticas públicas de combate ao crime. Nessa tendência vêm as cobranças por maior repressão e por redução da maioridade penal. Mas, quando se questiona o que leva um adolescente a cometer uma infração, parte-se do princípio de que as pessoas não nascem criminosas", disse o pesquisador à Agência FAPESP.
O estudo traçou o perfil de adolescentes submetidos a medidas socioeducativas. Foram analisados 123 prontuários de atendimento em 2002, que corresponderam a 65% dos prontuários no período. Os documentos foram compostos pela entrevista inicial, realizada no momento em que o adolescente entrou na instituição, e pela cópia do processo judicial, em que foi avaliada a natureza do crime, entre outras questões.
Segundo Gallo, para identificar variáveis associadas à determinação da conduta infracional, foram analisados aspectos como questões de gênero, natureza da infração, drogas e o perfil socioeonômico (como renda, habitação, família e educação).
Outro entrave para as políticas públicas foi verificado dentro da escola. O estudo apontou que os professores têm dificuldade em lidar com alunos que desrespeitam as regras, que podem ser agressivos e que apresentam problemas gerais de aprendizagem. Mas, embora o preparo dos professores seja uma barreira, as mudanças não podem se limitar à capacitação de educadores, indicaram os autores.
"A barreira maior é a tendência de se buscar os culpados, passando as responsabilidades para outros agentes. Se algum aluno apresenta problemas na escola, a tendência é buscar motivos familiares e específicos desse aluno e não as condições da escola que podem favorecer esses comportamentos", disse Gallo.
Agência FAPESP - Por Alex Sander Alcântara
A escola pode contribuir de forma decisiva para a diminuição do número de reincidências dos jovens infratores, de acordo com uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O estudo, publicado na revista Cadernos de Pesquisa, da Fundação Carlos Chagas, indica que o fato de o adolescente não freqüentar a escola está associado ao número crescente de reincidências, ao uso de entorpecentes e, também, à utilização de armas.
A pesquisa - que traçou o perfil de adolescentes submetidos a medidas socioeducativas em uma cidade no interior paulista - mostrou também que os adolescentes com nível educacional mais alto viviam com ambos os pais, ao passo que aqueles com escolaridade mais baixa moravam com famílias monoparentais.
Mais da metade (60,2%) dos adolescentes em conflito com a lei não freqüentava a escola, e cerca de 43,2% deles alegaram ter saído por desinteresse, segundo Alex Eduardo Gallo, professor da Universidade Estadual de Maringá, um dos autores e coordenador do estudo. A outra autora, Lúcia Williams, é professora titular do Departamento de Psicologia e coordenadora do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência da UFSCar.
De acordo com Gallo, um dos principais entraves para o desenvolvimento de programas educacionais voltados para adolescentes em situação de risco é o fato de eles serem vistos quase sempre apenas como autores de delitos, mas os fatores que geram a conduta não são levados em conta.
"Quando se considera a segurança pública, a tendência é definir políticas públicas de combate ao crime. Nessa tendência vêm as cobranças por maior repressão e por redução da maioridade penal. Mas, quando se questiona o que leva um adolescente a cometer uma infração, parte-se do princípio de que as pessoas não nascem criminosas", disse o pesquisador à Agência FAPESP.
O estudo traçou o perfil de adolescentes submetidos a medidas socioeducativas. Foram analisados 123 prontuários de atendimento em 2002, que corresponderam a 65% dos prontuários no período. Os documentos foram compostos pela entrevista inicial, realizada no momento em que o adolescente entrou na instituição, e pela cópia do processo judicial, em que foi avaliada a natureza do crime, entre outras questões.
Segundo Gallo, para identificar variáveis associadas à determinação da conduta infracional, foram analisados aspectos como questões de gênero, natureza da infração, drogas e o perfil socioeonômico (como renda, habitação, família e educação).
Outro entrave para as políticas públicas foi verificado dentro da escola. O estudo apontou que os professores têm dificuldade em lidar com alunos que desrespeitam as regras, que podem ser agressivos e que apresentam problemas gerais de aprendizagem. Mas, embora o preparo dos professores seja uma barreira, as mudanças não podem se limitar à capacitação de educadores, indicaram os autores.
"A barreira maior é a tendência de se buscar os culpados, passando as responsabilidades para outros agentes. Se algum aluno apresenta problemas na escola, a tendência é buscar motivos familiares e específicos desse aluno e não as condições da escola que podem favorecer esses comportamentos", disse Gallo.
Fonte: Ciência & Vida
oi, eu estava passeando aqui pelo seu blog e estou deixando um comentário só pra marcar presença rs!!!
ResponderExcluirGostei muito do seu blog!!!