28 novembro 2011

NÃO EXISTE EX-PAI E EX-MÃE: SEPARAÇÃO E FILHOS.


Letícia Santos G. Costa
Percebo que uma grande dificuldade dos pais com relação a educação dos filhos diante de uma separação. Já que a criança terá tecnicamente duas casas. Duas rotinas diferentes. Conseqüentemente, regras diferentes. Se confundiu lendo isso? Imagine viver isso! Pois bem, é como as crianças devem sentir-se: “Na casa da minha mãe posso dormir a hora que eu quiser e na do meu pai durmo as oito!”; “Meu pai me deu como castigo não assistir televisão, mas minha mãe deixa quando vou à casa dela”. Assim, temos vamos refletir sobre como manter a consistência na colocação de regras e limites e uma relação saudável com os filhos em um momento que é tão delicado na vida de uma família.
Em primeiro lugar devo dizer que ao perceberem a separação como inevitável os pais devem conversar com as crianças sobre o assunto. Sei que todo psicólogo fala isso, mas o diálogo é uma peça muito importante no relacionamento entre pais e filhos. Até porque não adianta dizer que está tudo bem, que não está acontecendo nada de errado. Mas o que é dito não condizer com a realidade: discussões, cara emburrada e de choro dos pais. Assim esta mudança na dinâmica familiar deve ser explicada de maneira clara, não se tornando um mistério que aterroriza as crianças. Deve-se fazer um exercício de separação das funções conjugais das funções de criação dos filhos. Traduzindo: não deixar que o fato de ser ex-marido ou ex-mulher se transforme em ex-pai ou ex-mãe.
É de suma importância salientar que os direitos e deveres de pais não devem ser mudados, o que é diferente é o contexto em que eles são colocados em prática. A participação tanto do pai quanto da mãe na educação da criança é muito relevante. E o pai, inclusive, tem tanta importância no cuidado e educação dos filhos. Assim, uma boa comunicação entre o ex-casal em assuntos relacionados aos filhos é necessária. As regras e limites impostos a criança devem ser discutidas entre os dois para que haja consistência, ou seja, o que é regra na presença do pai, também o é na presença da mão. Filhos não devem ficar em meio a um campo de batalhas. Nossa opinião sobre o desempenho como companheiro, como cônjuge não deve ser repassada aos nossos filhos, como se fosse o desempenho como pai ou mãe. Já que você há de concordar comigo, que em se tratando de um momento de ruptura a tendência é mais fácil falar mal que falar bem do outro.
As responsabilidades de incentivar responsabilidades, assim como as de lazer e diversão, devem ser dos dois. Geralmente o que acontece é que quem fica com a criança durante a semana é o “vilão”: o que cobra tarefas de casa, arrumação do quarto, dormir e comer na hora certa. “Já o que fica nos finais de semana, é o” mocinho”: o que deixa fazer o que quer, na hora que quiser; o que não prolonga o assunto escola. E nessa história devem ter apenas pais e mães: que impõe limites quando necessário, mas também tem uma relação de amor, carinho e cumplicidade com o filho.
Uma tendência da atualidade é a guarda compartilhada, que a meu ver deixa bem claro tudo o que já foi dito, que podemos resumir em uma só frase: filho é para sempre. Casando, separando, recasando. Enfim, não importa o contexto atual. Aliás, é preciso adaptar o relacionamento com os filhos a este contexto: dando amor, limite, tendo uma comunicação positiva, negociando, estabelecendo regras, desculpando-se. É preciso mostrar a criança que ela sempre terá seu pai e sua mãe. Desta maneira fica bem mais fácil passar por esta fase tão confusa que é a separação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua opinião!
Obrigada por enriquecer esse Blog!