08 março 2012

LIDANDO COM A AGRESSIVIDADE INFANTIL

Letícia Santos Gomes Costa

Já perdi as contas de quantas vezes escutei esta frase: “não sei por que meu filho é tão agressivo”. Mas vamos pensar juntos, o que faz uma criança apresentar tais comportamentos? Posso começar dizendo a vocês que a agressividade não é algo que nasceu com o seu filho. Quando falamos “ele é” nos passa a impressão de algo definitivo. Então prefiro dizer “ele está”. Partindo deste princípio, vamos considerá-la como um comportamento que tem uma função na vida da criança e que de alguma maneira traz alguns ganhos. Consideraremos aqui agressivas ações como: bater; xingar; destruir pertences dos colegas; empurrar e criar situações ameaçadoras.
Através das interações sociais nós adquirimos autoconhecimento e conhecimento da dinâmica do ambiente no qual pertencemos. A família é o primeiro meio de interação social, assim o comportamento dos pais pode estar relacionado com a aquisição e manutenção do comportamento agressivo. De maneira alguma quero dizer que você, pai ou mãe, sejam os grandes culpados pela agressividade do seu filho. Mas espero que você fique atento a que ponto sua interação com o seu filho tem relação ao comportamento agressivo apresentado por ele. O que você faz quando seu filho se comporta de maneira inadequada? Aposto que surgiram respostas como: conversar sobre o assunto; colocar de castigo; dar bronca; bater.
De alguma maneira estas ações contidas na sua resposta podem ser consideradas como uma atenção da sua parte para com seu filho. Em que outra situação o seu filho tem sua atenção? A atenção da professora? A atenção dos coleguinhas? Acho importante colocar que quando estamos privados de algo que consideramos como importante qualquer comportamento que nos possibilite tê-lo pode ser evocado, mesmo que este seja considerado inadequado. Muitas vezes enxergamos a criança como o próprio problema, como se ele fosse o “bater”, “o xingar” e não prestamos atenção nos bons comportamentos da criança. Será que seu filho não faz nada de bom, de aceitável? Temos que demonstrar a nossa felicidade quando ele pede desculpa, quando ele aceita um “não”, quando ele coloca seu ponto de vista e não o impõe com agressividade.
Além disso, há ainda o fato de que o seu modo de agir pode funcionar como modelo para seu filho. Se quando ele faz algo errado você grita e bate, o que imagina que ele fará quando um coleguinha, ou até mesmo você não fizer o que ele queria? Dizer que os pais são o espelho dos filhos não é tão clichê assim. Se a criança fez algo de errado porque não dizer a ela a maneira correta, porque quando simplesmente o colocamos de castigo ou batemos apenas enfatizamos o erro e não lhes damos alternativas, maneiras novas e adequadas de se comportar. Podemos mostrar que se um colega não quer emprestar o lápis de cor, ao invés de bater; xingar ou pegar o lápis do colega a força ele poderia escrever com seu próprio lápis; pedir a um outro colega ou até mesmo procurar uma outra atividade.
Entendo que não é fácil lidar com os “maus comportamentos” das nossas crianças. Muitas vezes ficamos perdidos, sem saber o que fazer. Porque na maioria das ocasiões a impressão que temos é que não poderemos mudar a situação. Nessas horas devemos parar. Respirar. E nos perguntarmos: “O que meu filho quer se comportando desta maneira?”. A partir das respostas que surgirão nos comportaremos diferentes a fim de conquistar a tão sonhada mudança no comportamento dos nossos filhos. Será um caminho difícil de percorrer, mas valerá a pena. Te garanto!

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